sexta-feira, 24 de março de 2017

Ensaio sobre História e Meio Ambiente por Prof. Gabriel Darezzo Paes

História e meio ambiente são dois mundos que devem sim serem interligados para que possamos entender o que ocorre nos dias atuais, os desafios que o mundo vem enfrentando e as grandes alterações socioambientais e para entendermos e ajudarmos a melhorar tais aspectos, precisamos começar a pensar em novos argumentos para velhos hábitos que os sujeitos de outrora e sua interação para com o meio ambiente.

A historiografia pode ser utilizada para trabalhar-se de forma multidisciplinar, pois mantém uma ligação quando o assunto é dialogar com outras áreas do conhecimento. O que falta é uma sensibilização para tal problema socioambiental e uma melhor divulgação do conhecimento que fora produzido dentro dos estudos, pesquisas e discussões na história ambiental, se assim pode-se chama-la.

Como nos afirma o professor Paulo Henrique Martinez, da Universidade Estadual Paulista de Assis (UNESP – Assis - Sp):

“[...] a história ambiental abre canais de comunicação e cria situações de diálogo interdisciplinar, como nos estudos sobre urbanização, agricultura familiar e políticas públicas [...]”

Pode-se observar que até o começo do que chamamos de século XIX, a sociedade, a humanidade, manteve uma alusiva harmonia para com o meio ambiente. Com a explosão da Era Industrial, o acontecimento das Duas Grandes Guerras no Mundo e o crescimento desenfreado da humanidade podemos observar uma ruptura nesse equilíbrio, que já era frágil, acarretando então na poluição de rios e mares devido a esgotos urbanos não-tratados, como, por exemplo, das industrias, cidades litorâneas e acidentes/naufrágios de navios petroleiros. E quando o assunto é Solo, podemos falar sobre as queimadas que dificultam o desenvolvimento do solo, prejudicando não somente as plantas, mas também os microorganismos que vivem e se alimentam da mesma, uma vez que após tais queimadas a qualidade do solo, causando então a diminuição do nível de áreas verdes aptas a se desenvolverem, por causa da inconsequência e ganancia do ser humano.

Martinez  é "Inegavelmente, após a Segunda Guerra Mundial, com a expansão vertiginosa da sociedade de consumo de massa, foi tomando corpo a percepção e a consciência crescente de um fenômeno complexo, interligado e de dimensões globais. Os problemas intrigavam historiadores, gestores públicos, cientistas, artistas e a população em geral".

Sabe-se que a partir do inicio do século XX, o que conhecemos como historiografia brasileira sobre a temática de meio ambiente, se redefiniu. A quebra de velhos paradigmas e de velhos hábitos, juntamente com uma estruturação de uma nova linha de pesquisa sobre o assunto, foi de extrema importância para o começo das discussões das novas formas de aplicabilidades no cotidiano.

Segundo a professora do curso de gestão ambiental da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, Silvia Helena Zanirato, afirma que "A temática ambiental é essencialmente interdisciplinar e somente a somatória de conhecimentos pode favorecer a superação da crise ambiental. O papel da história, nesse contexto, é buscar compreender e explicar os processos que contribuem para essa crise, a qual, sabemos, está baseada no sistema de produção e consumo da Modernidade"

Além de discutir-se sobre o assunto, precisamos de novas possibilidades (aplicáveis) para que novos estilos de vida, mais alinhados com a natureza, hábitos de consumo e uma forma de seguir em direção a um novo modelo de sociedade, seja criado, tendo o minimo de impacto ao meio ambiente, lembrando que o que precisa ser mudado inicialmente não é a parte física do meio ambiente, mas sim uma conscientização cultural.

Temos que nos países mais pobres os problemas ambientais começam pela “colonização” que certos países mais ricos fazem com esses mais frágeis. Com isso surge o desmatamento acelerado, os baixos investimentos do governo, a exploração abusiva, a degradação dos recursos hídricos e da destruição do solo devido a rápida extração de recursos nas áreas chamadas de rurais.
Quando fala-se de países mais ricos, além do que já citamos como uma forma de “culpa indireta”, pois são eles quem usufruem (na maior parte) das extrações e produções do locais, pode-se citar a poluição, devido as fábricas (industrialização inconsequente) que destroem os ecossistemas contaminando solo, ar e rios e com isso diretamente a fauna e flora das regiões das quais pertencem. Temos, por exemplo, a mudança climática, que não afeta somente o local que tais indústrias estão fisicamente, mas alteram o mundo inteiro.

Como nos afirma o Professor e Historiador Janes Jorge da Unifesp – SP:
"Acredito que as políticas públicas relativas aos recursos hídricos, resíduos, biodiversidade, mudanças climáticas e outros temas ambientais dialogam com o conhecimento científico. Mas ainda são políticas tímidas diante da dimensão do problema"
Após a segunda guerra mundial, houve uma maior preocupação e atenção sobre uma nova fonte de poluição, dada pela radiação. No início da década de 60 Rachel Carson em seu livro “A Primavera Silenciosa”, procurou alertar e conscientizar a população sobre os efeitos dos pesticidas no uso agrícola que até os dias atuais, após 50 anos de preocupação, avisos e estudos, ainda é bastante utilizado. O panorama hoje vem sendo transformado, devido os produtores de alimentos orgânicos, conhecidos popularmente como “famílias orgânicas”; O aumento na produção de alimentos mais saudáveis no mercado, se deu devido à campanhas e alertas sobre a importância do uso de materiais não prejudiciais à saúde, o que contribuiu para o crescimento da consciência coletiva.
No ano de 1972 a ONU (Organização das Nações Unidas) cria uma conferência referente ao “Ambiente Humano”, em Estocolmo (Suécia). Essa conferência teve seu ápice com a divulgação de um Decreto que contém 19 princípios, que, hoje, muitos historiadores chamam de: Manifesto Ambiental. Retiramos um trecho do próprio site da ONU:
Chegamos a um ponto na História em que devemos moldar nossas ações em todo o mundo, com maior atenção para as consequências ambientais. Através da ignorância ou da indiferença podemos causar danos maciços e irreversíveis ao meio ambiente, do qual nossa vida e bem-estar dependem. Por outro lado, através do maior conhecimento e de ações mais sábias, podemos conquistar uma vida melhor para nós e para a posteridade, com um meio ambiente em sintonia com as necessidades e esperanças humanas […] Defender e melhorar o meio ambiente para as atuais e futuras gerações se tornou uma meta fundamental para a humanidade.”
Trechos da Declaração da Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente (Estocolmo, 1972), parágrafo 6.
No ano de 1983, na Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento o tema abordado foi “desenvolvimento sustentável”, que nada mais é do que a capacidade de crescimento econômico e a conservação dos recursos naturais e dos ambientes ao seu derredor para que gerações futuras possam usufruir, atendendo então as necessidades da humanidade no futuro.
Indo um pouco mais adiante na linha do tempo, temos no ano de 1992, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, a ECO-92, que teve como enfoque as mudanças climáticas e a necessidade da preservação das florestas que ainda existem no planeta. Ainda tivemos a Convenção sobre a Diversidade Biológica que visava a extração de elementos naturais, matérias-primas, como o ferro, por exemplo, mas com um equilíbrio entre preservação ambiental e a produção econômica.
Cinco anos depois, o mundo teve o chamado Protocolo de Kyoto, no Japão tratado que tinha como finalidade de alertar o aumento do efeito estufa e do aquecimento global, além disso, acrescentar aos países mais desenvolvidos, uma meta para a diminuição de gases de dióxido de carbono (CO2), sendo assim, um freio, digamos assim, pois em suma maioria eles mantem de forma desenfreada a sua industrialização. Um ponto que chama muita atenção é que os países que não cumprissem o acordo, não teriam nenhuma punição para os mesmos. Sendo assim, alguns países não assinaram o acordo, dentre eles temos os Estados Unidos que eram responsáveis, na época, por 24% de todo o CO2 produzido no mundo.
Quando o assunto é proteção ou preservação do meio ambiente, podemos notar que desde o inicio do século XXI, deixa-se de ser um assunto de um pequeno grupo pessoas, de “românticos”, para um assunto de abrangência global, onde o assunto abordado são as energias utilizadas pelo ser humano.
Os acordos formados durante o último século (XX), “batem na tecla” que as fontes de energia que vem sendo utilizadas por nós, homo sapiens, deve ser revista e alterada para uma fonte de energia de forma renovável, pois quando trata-se de de impacto no meio ambiente temos que lembrar que todos os animais de todas as especies vão utilizar deste “território” para sobreviver.
O ser humano deve ter consciência de que tudo nos é dado, tudo o que necessita está disponível, ao alcance de nossas mãos e isso a “mãe natureza” nos ensina. Entretanto, “falta sapiência para esse Homo” para que o mesmo possa encontrar um equilíbrio e prover suas necessidades, lembrando sempre que deve-se procurar formas equilibradas sem que a fonte se esgote, para todos os animais, incluindo o ser humano e esse mesmo humano, deve lembrar que não é somente ele que habita essa nave que chamamos de Terra, e que devemos preservar essas fontes, retirando apenas o que nos é necessário, não mais do que isso, talvez assim, possa começar a observar que tudo o que temos é uma dádiva. Porém, para que isso ocorra, devemos mudar, totalmente, a forma com que enxergamos os elementos da natureza e esse é o nosso maior desafio dentro deste século.  A Educação Ambiental, que poderia ser inclusa no Ensino Fundamental I e II e no Ensino Médio, poderia intensificar o contato das crianças com a natureza, talvez permitindo que estas tenham mais cuidado e amor para com o mesmo, fazendo com que se garanta uma qualidade de vida para todos no futuro, tirando o pensamento individual e começando a pensar de forma coletiva.
De forma científica a humanidade vem concluindo que as fontes de energias que ainda utilizamos estão se tornando (se já não estão) ultrapassadas ou que já não atendem a real necessidade da população e que vem levando o planeta a um esgotamento dos recursos disponíveis.
Grupos criticam outros grupos apontando-os como responsáveis pelo desgaste atual. Isto é perigoso, pois a discussão não está no foco necessário, mas sim em uma briga de ego. Não se trata de encontrarmos culpados e responsabilizarmos os mesmos por tudo que tem ocorrido, não é esse o objetivo. Temos que nos unir em prol de um objetivo comum e começarmos a modificar a cultura para que possamos então vencer um dos maiores embates que são travado dentro deste assunto: Saber viver e conviver, da melhor forma, ou seja, de forma equilibrada, com o meio ambiente que nos é ofertador que não temos dado o devido valor.

Gabriel Darezzo Paes - Professor de História e Palestrante
https://www.linkedin.com/in/darezzo/

sábado, 3 de setembro de 2016

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Vamos reciclar nosso próprio material?

Que idéia maravilhosa!

Dave Hakkens e equipe desenvolveu estratégias e equipamentos que podemos criar para reciclar nosso próprio material plástico e... até gerar renda com isto!

Acesse:

http://preciousplastic.com/plan/

https://www.youtube.com/user/hakopdetak


Parabéns Dave, pelo trabalho!

sexta-feira, 25 de março de 2016

Truck Spade - Transplante de Árvores! Ficou fácil agora, será?!

Tudo bem galera?! Voltei!

Fui impressionado com um evento, na área de sustentabilidade, e resolvi voltar a ativa.

Olha que legal, para transplante de árvores.

https://www.youtube.com/watch?v=hEkZk8dagzQ

Estou fazendo propaganda? Sim!!! Principalmente para eventos que possam contribuir com a Sustentabilidade.

domingo, 26 de outubro de 2014

Ferramentas para Geoprocessamento

Em meus trabalhos tenho utilizados muitas ferramentas para Geoprocessamento. Gratuitas, o que acho válido a divulgação e... concentrar informação nunca foi meu forte (risos). Além de ser fácil uso e independente de área (Biólogo, Químico, Farmacêutico, Engenheiro...)

Google Earth

As ferramentas régua, marcadores, desenvolvimento de polígonos em "cima" de plantas, facilita muito o planejamento e o gerenciamento de projetos. Além de permitir a elaboração de imagens, gráficos, croquis para relatórios, laudos e demais documentos pertinentes a área ambiental.

https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/

ArcGis Online

Possui acesso gratuito para vários tipos de Mapas (Sustentabilidade, Bacias Hidrográficas p.e.).

http://www.arcgis.com/explorer/

Conversão de Coordenadas Geográficas

Há vários sites, mas o mais utilizado por minha pessoa e achei de fácil utilização - Conversor da UERJ/Curso de Engenharia.

http://www.carto.eng.uerj.br/cgi/index.cgi?x=geo2utm

Uso e Ocupação do Solo

O site da InterPlan possui os mapas das subprefeituras da Cidade de São Paulo.

http://www.interpan.com.br/site/component/content/article/21-zoneamento-pmsp

Leis Municipais

Claro! Baseamos nossas pesquisas como perito, na legislação. As Federais e Estaduais.
Os leitores já devem estar "carecas" de saber (IBAMA, MMA, CETESB).
Entretanto as Leis Municipais que mais utilizo estão neste link - https://www.leismunicipais.com.br/
Bom... não sei se tem todas, mas achei todas que precisei (risos).

                                                                   

domingo, 26 de maio de 2013

Técnicas de Plantio

Resultado de um estudo para elaboração de TCC de minha pós em Engenharia do Meio Ambiente e Sustentabilidade, publicarei aqui, algumas estratégias e técnicas de plantio.

Agradeço a Ele/Ela que foi, é e será, fonte Primeira e Última de fundação deste Mundo e dos seres que aqui vivem e evoluem.

Aos meus pais e família pelo apoio material e emocional para o comprimento de mais uma meta em minha vida.

A amada e perene Escola Iniciática, dos silenciosos e discretos que deu e dará a orientação e apoio espiritual para o domínio de minha vida.

Agradeço a toda a Humanidade por ter compartilhado de seu conhecimento adquirido até agora, inclusive a comunidade científica.

Agradeço aqui a professora e pesquisadora Cidinha (Maria Aparecida) e a professora e pesquisadora Sueli pelo apoio e orientação para o desenvolvimento do tema.

Ao amigo e sócio Paulo G. Rossi por ter me dado a oportunidade de entrar nesta área.



Exerto: PEREIRA, D. A.  ESTUDO DE CASO DE PLANTIO DE MUDAS E ESTRATÉGIAS PARA RESTAURAÇÃO DE MATA CILIAR DE TRÊS ÁREAS URBANAS NO INTERIOR DE SÃO PAULO. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Pós - Engenhearia do Meio Ambiente e Sustentabilidade. Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). São Paulo, 2013.


Técnicas e Estratégias para Plantio em Áreas Degradadas


Degradação Ambiental



Segundo Castro (2012), num determinado ecossistema, a degradação se refere às mudanças sutis ou graduais que reduzem a integridade e saúde sob o prisma ecológico, e o dano refere-se a essas mudanças sendo agudas e óbvias . A destruição de um ecossistema é quando a degradação ou dano remove uma parte substancial ou toda a vida macroscópica e comumente arruína também o meio físico.


Pertubação Ambiental
                        Segundo Pickett & White (1985) apud Castro (2012), pertubação ambiental é:

“Qualquer evento, relativamente discreto no tempo, que causa ruptura da estrutura do ecossistema, da comunidade ou da população, e modifica recursos, disponibilidade de substratos ou o ambiente físico”.

             Complementando, segundo Castro (2012), incluindo tanto as pertubações destrutivas e os eventos catastróficos quanto eventos ambientais menos acentuados, sendo que uma pertubação típica, recorrente causa uma mudança significativa no sistema.

Mata Ciliares e seus conceitos

Segundo Odum (1985), ecossistema é a unidade funcional básica na ecologia, onde os organismos que funcionam em conjunto (comunidade biótica), numa dada área, interagindo com o ambiente físico de tal forma que um fluxo de energia produza estruturas bióticas claramente definidas e uma ciclagem de materiais entre as partes vivas e não vivas.
Neste contexto, esse “cílio” que protege os cursos d´agua, segundo Rodrigues e Nave (2006) há vários conceitos sobre o ecossistema mata ciliar. Pode ser definido como a estreita faixa de floresta ocorrendo na beira dos diques marginais dos rios, sem formar corredores fechados e com certa deciduidade. Pode ser definido pela população como formação ribeirinha, formando-se ao longo do curso d´agua. Floresta ou mata de galeria, floresta paludosa ou floresta de brejo.
Segundo Ab´Sáber (2009) a expressão florestas ciliares envolve todos os tipos de vegetação arbórea vinculada à margem de rios.
Onde o autor define:

Fitoecologicamente, trata-se da vegetação florestal às margens de cursos d´água, independentemente de sua área ou região de ocorrência e de sua composição florística.”

Esse ecossistema demonstra complexidade, com valores de similaridades muito baixos, e mesmo em áreas próximas (RODRIGUES & NAVES, 2009).
Essa complexidade é referida com Rodrigues e Nave (2009) em sua introdução ao artigo “Heterogeneidade Florística das Matas Ciliares”:

Vários são os fatores promotores dessa heterogeneidade florística entre os remanescentes de florestas ciliares, como o tamanho da faixa ciliar florestada (Metzger et al., 1997), o estado de conservação ou degradação desses remanescentes (Durigan & Leitão Filho, 1995, Toniato et al., 1998), o tipo vegetacional de origem dessa formação florestal ciliar (Oliveira Filho et al., 1994; Oliveira Filho & Ratter, 1995), a matriz vegetacional onde essea formação florestal ciliar está inserida (Ivanauskas et al., 1997), o acaso na chegada de dissemínulas no processo de estabelecimento dessas formações florestais (Meguro et al., 1996) e principalmente a heterogeneidade vegetacional como resultado da heterogeneidade espacial das características físicas do ambiente ciliar e de outros fatores atuantes seletividades de espécies (Rodrigues, 1992; Meguro et al., 1996, Barnes et al., 1997; Scarano et al., 1997; Hall & Harcombe, 1998; Felfili, 1995 e 1998).”

          Entretanto, baseado em uma discussão em Rodrigues (2009), não é recomendado o uso de termos de uso popular consagrado (floresta/mata ciliar, floresta/mata de galeria, floresta ripária e floresta de brejo etc.) pra definir todas as florestas dessa condição.


Legislação Ambiental - Proteção de Mata Ciliares
A proteção do Meio Ambiente é prevista na Constituição Federal, capítulo VI, artigo 225:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;   
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei."

Respaldada pela Constituição Federal, a proteção das Matas Ciliares é prevista por leis federais e estaduais. Onde a mata ciliar é considerada como Área de Preservação Permanente pela Lei federal n.° 12.651, de 25 de Maio de 2012 (Código Florestal Federal) alterada pela lei federal n. ° 12.727, de 17 de Outubro de 2012.
Precursora desta lei, está a Lei Federal n.º 4771, 15 de setembro de 1965, que foi revogada pela atual Lei (Lei federal n.º 12.651/2012).
No Estado de São Paulo, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente Institui o Projeto  Estratégico Mata Ciliar e dá  providências correlatas através da Resolução SMA n.º 42, de 26 de setembro de 2007. Está resolução contribui para promoção da recuperação desses ecossistemas no Estado de São Paulo.
O artigo 1º descreve o objetivo deste Projeto no Estado de São Paulo:

Artigo 1º - Instituir o Projeto Estratégico Mata Ciliar com o objetivo de promover a recuperação de áreas ciliares que se encontram desmatadas e degradadas, de modo a contribuir, juntamente com outras ações, para a ampliação da área de cobertura vegetal no Estado de São Paulo de 14% para, no mínimo, 20%, visando:
I - a conservação da biodiversidade pela formação de corredores ecológicos de modo a aumentar a conectividade entre remanescentes florestais;
II - o controle de erosão e consequente redução da perda de solo e do assoreamento de corpos d'água;
III - a proteção das nascentes e das áreas produtoras de água para abastecimento público;
IV - a fixação de carbono visando apoiar os esforços de mitigação do aquecimento global;
V - a conscientização da sociedade para o uso sustentável dos recursos naturais.”

Para fixar orientação para o reflorestamento heterogêneo de áreas degradadas, a Secretaria do Estado do Meio Ambiente, institui a resolução SMA n.º 08, de 31 de janeiro de 2008. Esta resolução possui dentre os objetivos destacados a disponibilização de orientações gerais para a tomada de decisão quanto às técnicas de recuperação. Possui, em anexo, uma lista de espécies nativas florestais de ocorrência regional, incluindo informações sobre área de ocorrência, formação vegetal, grupo sucessional (Pioneiras (PI) e Não Pioneiras (NP)) e síndrome de dispersão de cada espécie.
Os Municípios de Mairiporã, Estância Hidromineral de Poá e Mogi das Cruzes até a presente elaboração deste artigo, possuem como orientação para gestão das áreas de proteção ambiental e de proteção permanente (que incluem as matas ciliares), os seus planos Diretores e suas leis de uso e ocupação do solo.

Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)
Requisitos Federais
A Instrução Normativa n.° 04/2011 do IBAMA (Instituo Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) define os procedimentos legais para elaboração de Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), onde também são aplicados à APP.

Requisitos Estaduais
Faz se repetir que a SMA n.º 08/2008 como requesito para elaboração de um PRAD, onde orienta para o reflorestamento heterogêneo de áreas degradadas, disponibilizando orientações gerais para a tomada de decisão quanto às técnicas de recuperação. Além de possuir um anexo, uma lista de espécies nativas florestais de ocorrência regional, incluindo informações sobre área de ocorrência, formação vegetal, grupo sucessional (Pioneiras (PI) e Não Pioneiras (NP)) e síndrome de dispersão de cada espécie.

Requisitos Municipais
        Até a presente elaboração desde artigo, os municípios de Mairiporã, Estância Hidromineral de Poá e Mogi das Cruzes não possuem legislação específica municipal para elaboração de projetos de recuperação de mata ciliares. Entretanto as leis federais e estaduais são referência para todos os municípios.

Algumas Técnicas e Estratégias para Recuperação de Áreas Degradadas e Pertubadas
Segundo Kageyama e Gandara (2009), a escolha de um modelo de restauração é um processo em constante aprimoramento. Pois ele é alimentado por dados de ecologia, demografia, genética, biogeografia, e também pelos dados físico e biológico da região a ser implantado.
As técnicas e estratégias para recuperar a flora da mata ciliar, não visam a busca de uma floresta idêntica a original, mas sim aumentar sua resilência natural, ou seja, aumentar sua capacidade de autoregeneração, o mais rápido possível (CASTRO et al., 2012).
Segundo Reis (2006), de significativa importância, definir o objetivo do projeto, conhecer o ecossistema local, fauna e flora antes e depois dos distúrbios, identificar as barreiras para regeneração, elaborar a melhor estratégia de manejo a partir das análises acima para promover a sustentabilidade do projeto durante as etapas de sucessão e monitoramento do projeto (Figura 1).


Figura 1 - Macrofluxo das etapas do processo de restauração. Fonte: REIS (2006).

Modelos Sucessionais

Sucessão ecológica parte do princípio da dinâmica na qual um ecossistema, especialmente visível na comunidade vegetal, evolui no tempo, tendendo a tornar-se de forma progressiva, complexa, diversificada e estável (CASTRO et al., 2012).
Entendendo  o processo de regeneração natural, podemos estabelecer modelos de forma de recuperação de áreas degradadas (CASTRO et al., 2012; REIS, 2006).
Existem dois tipos de sucessão ecológica, ou seja, como as espécies se substituem e dão condições para que outras possam se estabelecer:
- Sucessão primária, segundo Reis (2006) é:

“Sucessão iniciada em um local inteiramente desabitado e sem influência de organismos que eventualmente o tenham habitado em época anterior.”

Segundo Castro et al. (2012), sucessão primária é a colonização de organismos em ambientes recém-formados.
- Sucessão secundária, segundo Reis (2006) é:

“Sucessão iniciada em área habitada após ocorrência de perturbação e influenciada pelo tipo de comunidade previamente existente.”
Segundo Castro et al. (2012), sucessão secundária é a recolonização que sofreram uma perturbação, podendo esta perturbação ser natural ou antrópica.
Observando estas sucessões, pesquisadores dividiram as espécies em grupos ecológicos: Espécies pioneiras, secundarias iniciais e tardias e espécies climácicas.
Segundo Castro et al. (2012), o grupo das espécies pioneiras são os primeiros organismos a se instalar no sistema, onde estes organismos pioneiros dão condições para a introdução das espécies secundárias iniciais e tardias, e estas permitem o desenvolvimento das espécies climácicas.


Recuperação do Solo sob Mata Ciliar

Segundo Castro (2012), para recuperação de solo é indicado a adubação verde, ou seja, a utilização de uma ou mais espécies vegetais para proteger e nutrir o solo. Com a função de proteger o solo do processo de lixiviação causada pelas chuvas, o plantio fornece energia, nutrientes ao solo, melhorando as condições físicas, químicas e biológicas.

Geralmente são utilizadas duas famílias de herbáceas: Leguminosas e gramíneas. Interessante que o autor ressalta que é indicado o consórcio entre as famílias, pois enquanto as leguminosas são capazes de fixar o nitrogênio no solo (associação com bactérias), as gramíneas possuem alto teor de carbono em sua estrutura (CASTRO et al., 2012).

Plantio de Espécies Arbóreas

O plantio de espécies arbóreas é o método mais antigo utilizado, segundo Castro et al. (2012), para recuperação de áreas degradadas, onde se torna uma ferramenta importante para a conservação da biodiversidade, buscando aproximar o resultado com populações representativas da vegetação que ocorre na região e/ou no local (diversidade em números de espécies e diversidade genética).



Métodos de Plantio - Ilhas de diversidade e plantio em linha
O plantio em ilhas de diversidade, consiste no plantio de mudas em pequenos núcleos (ilhas) com alta diversidade e alta densidade de indivíduos de espécies de diferentes grupos ecológicos (Figuras 01).




 Figura 2 - Modelo de ilha de diversidade com 8 mudas de espécies pioneiras(verde escuro),  4 mudas secundárias (verde claro) e 1 climácica (vermelho). Fonte: Castro et al. (2012).

As espécies são plantadas com densidades entre 1m x 1m e 1,5m x 1,5m. As espécies atuem como facilitadoras umas das outras, ou seja, que as espécies pioneiras auxiliem o desenvolvimento das não pioneiras. Este método, simula a expansão da floresta sobre o campo, que ocorre em pequenas manchas que atraem propágulos de áreas vizinhas e dispersores e, com eles, sementes. Estas ilhas, ou núcleos vão se ampliando até cobrirem a área total (CASTRO et al., 2012).
. Plantio em linhas, segundo Castro et al. (2012), é o plantio de espécies por extensão de área a ser restaurada, utilizando combinações de espécies dos diferentes grupos ecológicos (figura 3), com semeadura direta ou plantio de mudas.


 
Figura 3 - Modelo de linha com mudas de espécies pioneiras(verde escuro) e não-pioneiras (verde claro). Fonte: Castro et al. (2012).

O espaçamento indicado, normalmente é de 6m2 ou 3m x 2m (CASTRO et al., 2012).

Técnicas Adicionais - Nucleação

Segundo Bechara et al. (2007) tem se utilizado técnicas adicionais para acelerar e qualificar os processos de regeneração natural através do estímulo às interações entre as espécies. Este tipo de ação parte da ideia de que uma floresta não é apenas um conjunto de árvores, ou ainda, uma floresta madeireira, e sim, uma teia complexa de organismos e relações.
A proposta da nucleação, segundo Reis e Kageyama (2003) apud Castro et al.  (2012), é de se criar pequenos hábitats que propiciem incremento das interações interespecíficas, que envolvem interações planta-planta, plantas-microorganismos, plantas-animais, níveis de predação e associações e os processos reprodutivos das plantas de polinização e dispersão de sementes.
São estas as técnicas de nucleação:
- Implantação de poleiros: Com o objetivo de acelerar a chegada de sementes oriundas de remanescentes florestais da região, através da atração de dispersores (aves e morcegos);
- Transposição de Serrapilheira: Ajudando a aumentar a resiliência do ecossistema local, a transposição da serrapilheira de áreas em estado avançado da sucessão ecológica, aceleraria a chegada de elementos que contribuirão com a recuperação. Elementos estes banco de sementes, nutrientes, matéria orgânica, microrganismos, insetos e fungos;
- Transposição de Galharia: Através do empilhamento de galharias, bem como de restos de poda, podemos criar hábitats e microclimas ideais para o abrigo de pequenos animais e para a germinação de sementes. Incluindo, a ação dos fungos decompositores na madeira auxilia na fertilidade do solo através da formação de húmus.
- Implantação de Meliponário: Este serviço ecossistêmico, segundo Reis e Kageyama (2003) apud Castro et al.  (2012), dos polinizadores, têm um papel insubstituível nos processos de restauração que garante o fluxo gênico e a formação de sementes para as espécies arbóreas.
Melíponas - as abelhas nativas sem ferrão são os principais polinizadores das árvores nativas em florestas tropicais. Por esta razão, a criação destes animais junto a áreas em restauração, vem a contribuir com estas ações.

Atividades Recomendadas para Recuperação

Segundo Martins (2001), para o reflorestamento seja feito de forma efetiva, o autor descreve as seguintes técnicas:
- Isolamento da área: instalação de cercas de proteção ao redor das áreas, utilização e manutenção de aceiros (áreas descampadas) e a implantação de uma zona tampão com cultivos de consorciados de espécies arbóreas com culturas agrícolas e/ou animais.
- Limpeza da área e preparo do solo:
- Combate as formigas cortadeiras:
- O Coveamento para as mudas:
- Calagem e adubação:
- O Plantio das mudas;
- Manutenção do Plantio:
- Indicadores de avaliação e monitoramento:

Rodrigues & Gandolfi (2009) recomendam algumas atividades para a recuperação desses ecossistemas.  Alguns aspectos se assemelharm aos de Martins (2001).
Aspectos esses:

  • Isolamento da área;
  • Retirada dos fatores de degradação;
  • Eliminação seletiva ou desbaste de espécies competidoras;
  • Adensamento de espécies com uso de mudas ou sementes;
  • Enriquecimento de espécies com uso de mudas ou sementes;
  • Implantação de consórcios de espécies com uso de mudas ou sementes;
  • Indução e condução de propágulos autóctones (banco de sementes e regeneração natural);
  • Transferência ou transplante de propágulos alóctones;
  • Implantação de espécies pioneiras atrativas à fauna;
  • Enriquencimento com espécies de interesse ecônomico;
  •  
Indicadores de avaliação e monitoramento.


Referências Bibliográficas

 AB´SÁBER, A. N. O Suporte Geoecológico das Florestas Beiradeiras (Ciliares). in RODRIGUES, R.R. e LEITÃO-FILHO, H. Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2009.

A Mata Atlântica é considerada como a quinta área mais ameaçada e rica em espécies endêmicas do mundo. IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais). Disponível em <http://www.ibama.gov.br/ecossistemas/mata_atlantica.htm>. Acesso em 26 mar. 2013.

BECHARA, F. C. et al. Unidades Demonstrativas de Restauração Ecológica através de Técnicas Nucleadoras de Biodiversidade. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 9-11, jul. 2007.

CASTRO, D. de. et al. Práticas para Restauração da Mata Ciliar. Anama (Ação Nascente Maquiné). Disponível em <http://www.onganama.org.br/pesquisas/Livros/Livro_Praticas_Restauracao_Mata_Ciliar.pdf>. Acesso em 10 abr. 2013.

DIAS, H. Águas e Florestas da Mata Atlântica. Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. São Paulo, 2003.

GODOY, A. S. Pesquisa Qualitativa - Tipos Fundamentais. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 35, n.3, p. 20-29, mai./jun. 1995.

IBGE. Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=169>. Desenvolvido em: 21 de maio de 2004.

KAGEYAMA, P. & GANDARA, F.B. Recuperação de Áreas Ciliares. in RODRIGUES, R.R. e LEITÃO-FILHO, H. Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2009.

LORENZI, H. Árvores Brasileiras. Vol.1.Edit. Plantarum, Nova Odessa, São Paulo, 352p. 1992.

LORENZI, H. Árvores Brasileiras. Vol.2.Edit. Plantarum, Nova Odessa, São Paulo, 2ºed., 367p. 2002.

Prefeitura da cidade de são paulo/Secretaria do verde e do meio ambiente. Manual Técnico de Arborização Urbana. 2ª Ed. Meio Ambiente, 2005.

REIS, A. et al. Novos Aspectos na Restauração de Áreas Degradadas. Apostila. Universidade Federal de Santa Catarina, 2006. Disponível em <http://www.opa.org.br/arquivos/downloads/Apostila_Restauracao.pdf>. Acesso em 26 mar. 2013.
RESOLUÇÃO SMA 08/2008. Disponível em: <http://licenciamento.cetesb.sp.gov.br/legislacao/estadual/resolucoes/2008_Res_SMA_08.pdf>. Acessado em: 14 de Janeiro de 2012.

RODRIGUES, R.R. e GANDOLFI, S. Conceitos, Tendênicas e Ações para a Recuperação de Florestas Ciliares. in RODRIGUES, R.R. e LEITÃO-FILHO, H. Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2009.

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RODRIGUES, R.R. e NAVE, A.G. Heterogeneidade Florística das Matas Ciliares. in RODRIGUES, R.R. e LEITÃO-FILHO, H. Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2009.

SMA. Secretaria do Meio Ambiente – SIGAM/Sistema Integrado de Gestão Ambiental. Matas Ciliares. Disponível em < http://www.sigam.ambiente.sp.gov.br/sigam2/Default.aspx?idPagina=6481>.  Acesso em 25 mar. 2013.

VIANA, R.G. Degradação Ambiental e Direito. Santos, 2004.





sexta-feira, 22 de março de 2013

Captação de Água de Chuva

CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA


Logo de cara vou publicar uma façanha ou uma atitude para tornar a vida "um pouco mais sustentável".
A instalação de coleta de água de chuva em casa.
Eu digo "um pouco mais sustentável" porque é um caminho a ser percorrido para equilibrar o interesse nos três pilares da Sustentabilidade (SACHS, 2008). Aos quais são:

- Ambientalmente correto;
- Socialmente justo;
- Economicamente viável.

Foto 1 - Caixa de 500 litros.

Bom... do ponto de vista "ambientalmente  correto, o uso da água de chuva será utilizado para:

- Rega do jardim;
- Limpeza do quintal;
- Limpeza de autos.

E outros fins que não seja para consumo, banho, descarga e lavagem de roupas e talheres.


1 - ESTIMATIVA PARA COLETA DE CHUVA.

Fatores a ponderar na estimativa:

- Área de coleta de chuva;
- O volume da caixa d´agua;
- Pluviosidade da região.

Atualmente, em São Paulo, está chovendo a média do dia de 10 - 20mm (Pode variar para mais ou menos). Se quiser pode construir um Pluviômetro para calcular o volume do dia. Clique aqui para construir um modelo.

O telhado de casa possui 28m2 e, em média/dia chove 10 - 20mm, obtenho de 280 a 560 litros de água de chuva.

Segue a seguinte linha de raciocínio:


Vac = At x Pd
Vac = m2 x mm = m2 x L / m2 = m2 x L / m2

Logo,
Vac=L

Vac = Volume coletado da água de chuva
At = Área do telhado e demais áreas
Pd = Água Pluvial (em milímetros)
m2 = Metro Quadrado - Unidade de Área
mm = Milímetro - Unidade Pluviométrica ( 1mm = 1 L/m2).
L = Litro – Unidade volumétrica

Fontes: http://www.sempresustentavel.com.br/hidrica/aguadechuva/agua-de-chuva.htm
            http://www.sociedadedosol.org.br/agua/projetos.htm


Aplicando ao caso, com uma chuva do dia de 10 mm:

Vac = At x Pd
Vac = 28m2 x 10mm = 28m2 x 10L / m2 = 28m2 x 10L / m2

Logo,
Vac=280L


2 - RESÍDUOS PROVENIENTES NA COLETA

O ar e o telhado pode conter partículas e resíduos que são arrastados pela chuva e prejudicar  significativamente a qualidade da água. Solução que pode ser resolvida com sistema de descarte.

Bom, tem uma ideia muito interessante que aprendi em um curso no IPEMA (Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica) e que provavelmente foi difundido por toda a rede de Permacultura. Não possuo a fonte ou o nome do autor do projeto de descarte.

Descartando os primeiros minutos da chuva, que carrega muita sujeira do telhado com um sistema simples de vazão. Fotografado abaixo.
Foto. 2 - Sistema de vazão, anterior a caixa.

Foto 3 - Válvula para retirar a sujeira.

Esquema 1
As fotos 2 e 3 demonstram o local da instalação do sistema para descarte dos primeiros minutos. E o esquema 1 demonstra que a medida que a coluna enche a uma bolinha de borracha sobe e irá vedar a entrada da água, devido as reduções instaladas após o "T". Após o período de chuva, é preciso abrir a válvula e esvaziar a coluna que contem a sujeira proveniente do telhado.

Interessante destacar que, quando a caixa estiver cheia, é recomendado deixar aberto a válvula para as próximas chuvas não carregarem sujeira para o reservatório.

Foto 4 - Encanamento após o sistema de descarte.
No encaixe do cano à tampa da caixa, colocamos uma saia feita de câmara de pneu de moto (Foto 5).

Foto 5 - Vedação com "saia" de borracha.
Esta "saia" (Fig 5) é para evitar a entrada de mosquito e resíduos no reservatório.

Foto 6 - Telhado da residência

Do ponto de vista "Socialmente Justo", a família entrou em um acordo mútuo que beneficiará todos. Pois agradará aos que querem regar as plantas, limpar o quintal sem medo de aumentar o valor da conta de água.
Este acordo demandou pelo menos 4 anos de conversas e discussão e conscientização. Muito tempo não é? Mas foi o tempo necessário para todos perceberem o benefício mútuo.

Do ponto de vista "Economicamente Viável", o retorno do investimento foi estimado em dois anos.
Observamos que utilizamos para rega, lavagem de quintal, autos e demais atividades 0,5m3 de água.

É cobrado pela Distribuidora, atualmente, R$ 1,594/m3 até 10m3, pelo serviço.
Em média por dia, utilizamos 30 litros para rega, ou 10950L no ano, ou ainda 10,95m3/ano.

Ou seja, economia de aproximadamente R$17 reais/ano, somente para rega.

Para o cálculo de retorno de investimento ser viável, devo acrescentar o custo de lavagem do quintal, do carro e demais itens, uso para descarga, além da rega.

E para diminuir ainda mais o custo no uso da água, podemos utilizar:


  • Máquina compressora, popularmente chamada de "VAP";
  • Pistolas automáticas mangueira;
  • Verificar as conexões e válvulas do prédio ou da casa;
Além de utilizar a consciência para uma boa administração e gestão do uso da água em casa.

Espero ter contribuído com minha experiência para com a sociedade.

No próximo artigo, vou falar um pouco com o que trabalho... Recuperação de Áreas Degradadas.

Abraços

PP

Dimas